terça-feira, 11 de dezembro de 2007







A menina estava sentada no ônibus. Quieta. Apenas queixava-se do calor. A mãe em pé, ao lado, reclamava o tempo toda da menina. Fique quieta. Não reclame. Sente-se direito. Ajeite as pernas. E repetia, e repetia, como se fosse um mantra. Vagou uma cadeira ao lado da criança. Qualquer mãe sentaria ao lado da filha, ou pelo menos para não continuar em pé, no ônibus lotado e abafado. Cedeu a vaga a uma moça. Continuava a reclamar da menina meiga e calma. Sem motivos aparentes. A moça inquietou-se, ofereceu o lugar de volta, a mãe não aceitou. Tirou papel e caneta da bolsa e escreveu um bilhete. Ao descer, alisou o ombro da mãe, entregou o bilhete e disse: leia com calma. No bilhete estava escrito que a menina parecia ser um doce de criança e o tempo todo esteve quieta. Que nós, mães e pais, às vezes nos irritamos com os filhos pelos mais diversos motivos. Sugeriu que ela desse carinho, abraços, beijos e colo. Carinho é tudo, com certeza faria bem às duas. Viu o ônibus seguir e a mãe ler o bilhete. Pensou: que estas palavras tenham o poder de tocar o coração daquela mãe, que estava com o coração tão inquieto. E consiga perceber a menina meiga e doce.

Nenhum comentário: