sábado, 26 de janeiro de 2008




O sol sorria para a vida na manhã do sábado. As plantas retribuíam com o verde brilhante. Caminha no parque. Pensativa, refletindo sobre a vida, lembrando dele. Na terceira volta percebeu um homem sentado em um banco marrom, falando só, alto e gesticulando. Parece conversar com alguém, com seriedade, olhando nos olhos. Chama a atenção de quem passa, e dela também.Pensa, são pessoas assim que chamamos de “loucos”. Ri, preocupada, seria ela também “louca”? Pensa muito e fala só, desde criança. Não fala alto, nem gesticula como o homem. Mas fala só. Pensa em sentar para ouvir o que ele tem a dizer. Ou até falar, precisa ser ouvida. Não teve coragem. Pensou demais.
Na realidade queria que “ele” a escutasse. Não ele o do parque, o do banco marrom e sim “ele”, o do imaginário dela. O que conta belas histórias. Ela precisa contar tantas coisas, explicar tanta outras. Gostaria que “ele” estivesse ali naquele parque, no banco desbotado e de pés de ferro pintados de verde. Embaixo das árvores. Ouvindo os pássaros. Para falar o que precisa ser dito.Já que "ele" gosta de contar histórias de vidas reais ficou imaginando a história que contaria.Que o sol estava escandalosamente bonito, que o parque tinha várias plantas exuberantes, que os pássaros cantavam, uma bela melodia que embalava as pessoas que caminhavam, que ela ao conversar com "ele" ficou extasiada, que o “louco” era a pessoa mais fantástica. E que, mesmo sem compreender os sentimentos, ela vivi a mais bela história da vida dela nos últimos anos. E que soube fazer da dor, da saudade, do sentimento que não compreende o melhor da vida.

Certamente diria muito mais. Tem o dom de contar histórias, ver o que muitos não enxergam, ouve o que muitos não escutam, anota tudo, descreve do ambiente todos os detalhes, e das pessoas ler a alma. É detalhista. Descritivo. Cuidadoso com o que faz. Atencioso com as pessoas entrevistadas. Conta as histórias mais belas que ela já leu. Continua encantada. Maravilhada. Extasiada. Emocionada. Saudosa. Contribuindo para o pensar muito e o falar sozinha. Olha para o banco e pensa, um dia sentamos ali e conversamos.

26 comentários:

Anônimo disse...

Nunca estamos sos...ou falamos com o imaginario ou com a gente mesmo.

layla lauar disse...

Que bonito querida, gosto muito de te ler. Falo sempre com os meus fantasmas e com os meus bichinhos tb. Quem escuta pensa que falo sozinha, mas não é assim.

beijos... um domingo iluminado procê.

Anônimo disse...

Paula,

Vim buscar meu pedaço de lua.


E a metade do banco no teu jardim...

Abraços, flores, estrelas!

http://graceolsson.com/blog disse...

Paulinha, vim te visitar, querida. Estive ausente por um motivo que escrevi no blog.E acordei desde on tem com a sensibilidade em "flores de pele"

Esse banco me lembra uma foto que tirei de um homem sentado olhando o mar. Depois eu perguntei a ele o quê ele olhava e ele respondeu:

"desde agora, choro a dor que sinto pela perda antecipada de alguem que nunca podera ser minha. E essa dore me matara por dentro pelo resto de meus dias."

Beijos e desculpe..eu pc endoidou e nada de certoss acentos
Dias felizes, princesa

Paula Barros disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Paula,


Esse teu texto me levou de volta a lugares onde nunca fui.


Cheguei a sentar no banco envernizado por tantos que ali falaram.

Tuas metáforas ainda dançam comigo, aqui.


Abraços, flores, estrelas

Anônimo disse...

Ola Paula, como vai ?
Se lembr daquela canção ? o mesmo banco, a mesma praça, as mesma flôres e o mais belo jardim, as frases que não saem do pensamentos e o gosto do beijo ainda na boca ?
Aí me fez lembrar do meu tempo em que ainda era jovem um cobrador de onibus me agarrou na praça e me beijou. Acho que era o mesmo banco.
Beijos
Célia

Anônimo disse...

Paula,
Viajei, sentei no banco, falei com o "louco" sobre minhas "loucuras", senti o sol, o cheiro da terra, o canto dos passáros.
Tudo isso só foi possível, pela emoção com que você escreve.
Bjos

Anônimo disse...

Belo texto, Paulinha! Cheio de poesia e lirismo. Um dia, quem sabe, "ele" chegará...
Beijos!

Alisson da Hora disse...

O banco, símbolo da espera e da contemplação. Da espera eterna, às vezes...

beijo

a.h.

Liz / Falando de tudo! disse...

Nao, sei se você vai gostar, ou se identificar com o meu cantinho, mas eu vim te fazer uma visitinha, quem sabe você não me faz uma também?
Qualquer coisa eu volto e te faço uma visitona, ok?!
Sucesso

Anônimo disse...

Só fala só quem tem algo a dizer e não encontra assistência. Não é louco, é criativo. Meu beijo. Jota Effe Esse.

Paula Barros disse...

Chuvinha
é mesmo.
menina chuva obrigada por molhar sempre minha horta.
beijos

Paula Barros disse...

Layla
Pois é, também sempre falo com alguém, ou comigo mesma
obrigada

Paula Barros disse...

Edson
Muito criativo o seu comentário. Mais uma vez. Todas as vezes.
obrigada

Paula Barros disse...

Grace
Era uma homem ou uma mulher. Acho que era eu.
beijos

Paula Barros disse...

Edson
Que bom que minhas metáforas dançam contigo. Adoro dançar.
Quer dançar comigo?
beijos

Paula Barros disse...

Célia
Conheço a música e até fiz um paralelo da música com o meu sentimento do dia e enviei para "ele"
beijos querida

Paula Barros disse...

beija-flor viaja com facilidade.
Pode voltar sempre e conversar com o "louco" ou com a "louca". Gosto de conversar contigo.
abraços querida

Paula Barros disse...

Frodo
Obrigada pela comentário. Valeu!
abraços

Paula Barros disse...

Alisson
Da contemplação eterna até aceito. Não quero aceitar a espera eterna.
beijos

Paula Barros disse...

Oi Liz
vou visitar sim.
obrigada pela visita, se voltar ficarei feliz.
abraços

Paula Barros disse...

JOta
Obrigada pelo criativo. Menos um internado. Por acreditar e ver valor nos outros, muitos foram salvos.
Muito grata
abraços

Paula Barros disse...

Jota vc tem blog. Se já fui lá, ou se está linkado não estou ligando o nome.
Me ajude.
abraços

Milady disse...

Paula, que texto lindo! fiquei imaginando todas as cenas. e pensando cá com meus botões, puxa, eu devo ser louca, pois falo sozinha, muitas e muitas vezes... mas depois paro e acho que não que loucos são os outros... :-)

beijo

Paula Barros disse...

Milady
Obrigada por expressar seu pensamento.
beijos