segunda-feira, 14 de abril de 2008

Teto do Shopping Paço Alfândega - Recife
foto Paula Barros







Quando crianças nos dizem para não termos medo do escuro e logo cedo apagam as luzes. Ficamos sós com os nossos amigos imaginários ou fantasmas.

Nos dizem para ter cuidado com o desconhecido. Dizem que é para nos proteger.
Passamos a evitar o desconhecido. Pessoas, sentimentos ou momentos.

No escuro descobrimos em nós vários pensamentos e sentimentos desconhecidos. Então não lidamos com eles. Apagamos as luzes. Abafamos os medos. Adormecemos (de nós mesmos). Nos escondemos.

Assim também acontece diante de fatos novos, de pessoas desconhecidas, de sentimentos novos.

Antes de ser adulto fomos criança. Sendo criança escutamos frases que passam de geração em geração. Frases assassinas de crianças. Escutamos o que não devíamos escutar. E repetimos muitas vezes pelo resto da vida.

Um dia ouvimos que por trás da cara pintada do palhaço tem um homem triste – deixamos de acreditar no sorriso.

Papai Noel não existe – deixamos de acreditar nos sonhos, de aguardarmos o futuro.

Quem ajuda os outros carregam o diabo nas costas – deixamos de ajudar

Não pule, não suba aí, você vai cair – deixamos de arriscar.

Não sei porque criança não tem medo de nada – entendemos que é para termos medo

Sente direito, feche as pernas – passamos a ter medo de nos abrirmos. (para o mundo, para o outro, com relação aos tabus sexuais)

Tanto riso, mais tarde está chorando – entendemos que não é bom sorrir.

Rindo agora para chorar mais tarde – toda vez que sorrimos ficamos esperando o choro.

Pulando desse jeito termina caindo – aprendemos a ficarmos quieto.

Assim vão sendo formadas as crenças. Com essas e outras barbaridades que escutamos ao longo da nossa vida.

Crença é algo que escutamos quando somos crianças, acreditamos, e nos atrapalha pelo resto da vida. Ou também que nós mesmos fundamentamos a partir de situações vividas. A crença geralmente interfere nas nossas relações

Crença é aquela voz que não cansa de falar. Repete. Repete. Até que a gente vai se encolhendo. Recuando. Deixa de ser feliz. E fica triste. E chora. E se isola. Então, aparece outra voz e diz. “Eu não disse”; “Eu bem que avisei”.

Então crença é aquela voz que continuamos escutando mesmo quando descobrimos que não é mais verdade, e mesmo assim tememos.

Nosso comportamento e a forma de agirmos, reagirmos e sentirmos são influenciados pelas crenças.

O que estamos fazendo com as nossas crenças? Com os nossos medos? Que não são mais nossos.

Crescemos, aprendemos e podemos fazer diferente. É só tentarmos.

*essa é uma definição bem própria, bem minha de crença.


14 comentários:

layla lauar disse...

Excelente este seu post, acho que um dos melhores que já li aqui...

Meu avô era um homem muito culto e sábio, nunca deixou que fossemos educados pelo medo ou segundo as crenças populares, mas reconheço a realidade do seu escrito através de relatos vários de crianças com as quais já convivi.

beijos querida

(desculpe a aausência, minha placa de rede queimou ontem de tarde e fiquei sem poder me conectar)

MONICAVOX disse...

querida paula,este tema que vc abordou é super instigante para um futuro post mais aprofundado.difícil mexer com isso, porque vem de longe, educação, tradição,coisas que vão enfiando em nossas cabeças ao longo da vida inteira que criam nossos bloqueios...difícil explicar em um coment o que isso significa na minha maneira de pensar...mas voce me deu uma ótima idéia de esmiuçar o assunto...vou precisar de uns dias srsrsr,mas só posso te diantar que,hoje, adulta,com algum esforço,voce pode se livrar de algum ranço que traz desde a infância,e se libertar.é possível sim.depende mais de voce do que acontece hoje em sua vida.pois é a maneira como voce encara esses acontecimentos que ocorrem, ,que vc se transforma.

tenha um lindo dia, e parabéns!voce sempre se superando.
bjus,walk on forever,monicavox

Roberto Mauro disse...

Oi Paula, hoje acordei, com barulho de chuva.Então deu vontade de uma reciclada,estou sem sol. Hoje não quero verso nem poesia. Quero cor.
Coloquei umas fotos no blog. Quando voce ve-las, olhe nas janelas,numa delas, num daqueles edificios num 6° andar qualquer, é meu canto, dali desço pra mergulhar.
Um beijo

Roberto Mauro disse...

Esquecide falar. Firme e forte esse seu post.De onde veio a idéia. gostei muito, me vi.
Parabens


* eu disse que me vi, menos na parte do "...fecha as pernas "

Fique com Deus.

Anônimo disse...

Vivemos repetindo erros e quando tentamos fazer diferente com nossas crianças vem sempre um engraçadinho pra contar a " realidade" pra ela.

Alisson da Hora disse...

Eu gosto do escuro...vide o meu blog...aliás, escrevi algo lá que acho que você deve ler...

beijos enormes...

a.h.

Bandys disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Bandys disse...

Oi Paula,
São as crenças,as ilusões...depois descobrimos que somos livres pra escolher. Acreditar fazer escolhas aí nos tornamos prisioneiros das consequências...quaisquer dos resultados...é a ciranda da vida.

Beijos

Anônimo disse...

PAULA QUE MENSAGEM ESPETACULAR!! REMETEU-ME AO PASSADO LEMBRANDO DAS PALAVRAS "DURAS" E QUE REALMENTE ACABAM INTERFERINDO NO PERFIL E PQ NÃO, NO CARÁTER. VC DESCREVEU PERFEITAMENTE, PENSO ASSIM TAMBÉM. IMAGINO QUE DAS NOSSAS BOCAS SAEM O "MAL" AO MUNDO E POR ISSO, DEVEMOS PENSAR BEM ANTES DE FALAR. UMA PALAVRA "MAL DITA" PODE ESTRAGAR A VIDA DE UM SER. VC ESCREVEU QUE FOI ASSISTIR AO FILME E AÍ, GOSTOU? OU FOI UMA DICA FURADA..RSRSR...BJ PAULA!

Anônimo disse...

Vc tem toda razão. Quando criança os pais não tomam a devida precaução com as palavras que acabam transformando-se em tabus. bj magico para ti

Paulo Roberto disse...

O medo é lasca!
Viver com medo não é nada bom, há adultos que não perderam o medo que trouxeram com a infância.

A foto do teto do paço realmente é linda, vc devia postar aqui uma foto do terraço do paço com a vista pra o rio e as pontes.
Um grande abraço!

Anônimo disse...

Bem interessante, Paula quantos paradigmas tivemos que quebrar durante a nossa vida.

Unknown disse...

Obrigado minha querida pelas palavras carinhosas a chegade de Samuel, voce é um anjo...beijos no coração

Anônimo disse...

Paula,

adorei a foto do teto do Shopping!

E nossos amiguinhos imaginários, vindos da infância, às vezes retornam.

Gloriosamente.


Abraços, flores, estrelas..