segunda-feira, 9 de março de 2009

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Domingo de carnaval. À tarde. Paro em frente a uma senhora bastante suja, sentada na calçada. Aquele tipo que dizemos imunda, podre. Os cabelos estavam grudados de tanta sujeira. Não sei precisar se estava embriagada. Na realidade não parecia. Parecia estar embriagada da vida maltrapilha, mal cuidada. Fiquei paralisada, eu e dois colegas. Olhávamos, comentávamos. Disse: isso é um fiapo de gente, meu Deus! Eles preferiram dar as costas. Assim como fazemos para tantas coisas da vida. E eu ali, olhando, pensando, imóvel. Um deles questionou, a Prefeitura não faz nada? Não soubemos responder. Sempre que vejo alguém muito sujo, na rua, gostaria de dar um banho. E disse: queria ter um lava-jato de gente. Gostaria de esfregar bem, colocar roupas limpas, colocar perfume, e mostrá-la num espelho. Depois claro daria comida, e tentaria fazer um trabalho social. O pior da cena era vê-la comendo. Realmente o que chocou foi isto. Ela estava com um saco transparente, pequeno, cheio de restos de comida, parecia até que tinha ossos já roídos, dava a impressão de terem sidos retirados do lixo. Ela colocava no chão, esfregava segurando com uma das mãos, o olhar perdido, e a mão vagarosamente seguia até a boca. Tudo muito vagaroso. Eu, ali, parada, imóvel, pensando em tantas coisas. E Deus? Por que existem tantas diferenças? E o governo? E eu o que faço para mudar isso? O que faço diante daquela cena? Lágrimas vinham aos olhos. Pensava que eu ia almoçar logo mais. Que estava com uma banana na bolsa, dar ou não? O que seria uma banana diante daquela cena? Diante daquela vida? E não me movia. Não fazia nada. Dar dinheiro? O que ela faria com o dinheiro? E era da minha conta? Como fico imóvel diante da vida, só por causa dos pensamentos, que pensam demais. Nessas conversas, tinha uma lembrança, uma voz que falava comigo mais insistente. Até que não agüentou mais falar e gritou comigo. Então me movi. Aproximei, e ainda temerosa de um fora, perguntei: a senhora aceita uma banana? E minha voz interna e perturbadora diz: que ridículo, oferecer uma banana. Mas você tem uma banana, ofereça. Esta banana não lhe serve mais, diante desta cena, ela não lhe pertence, mesmo que você não dê a ela. Uma banana! Aceito uma banana. Quando ela disse isso me pareceu até mais doloroso que um fora. Esperava um fora. Aquela voz macia, surpresa em receber uma banana. Parecendo ser o melhor prato de almoço do mundo, doeu na minha alma, que é tão frágil e insegura. Levantou-se, pegou a banana. E ficou com a banana na mão, parada, em câmara lenta. Meus colegas já seguiam, me chamavam, olhavam para trás. Fiquei parada, queria ver o que ela faria com a banana. Talvez todas as vezes que for comer banana lembre dela. Lembrei das “bananas” que temos que dar pela vida afora e não damos. Escrever tudo isto é reviver tantas coisas. Que estavam naquela cena, e não eram necessariamente daquela cena.
Desde a minha adolescência acho que cada um de nós é a própria representação de Deus. Esse Deus que nos ensinaram não pode fazer tudo, nós temos que fazer a nossa parte. E eu não faço. Minha omissão dói, em mim, no outro. Contribuindo para a permanência das diversas exclusões sociais.

39 comentários:

FERNANDINHA & POEMAS disse...

QUERIDA PAULA MARAVILHOSO TEXTO... CONSEGUISTE TRANSMITIRMA A POBRESA E DOR DE QUEM NÃO TEM NADA OU MUITO POUCO... GOSTEI!!!
UM GRANDE ABRAÇO DE CARINHO E TERNURA,
FERNANDINHA

Daniel Savio disse...

Texto belo e ao mesmo triste...

Engraçado, ao lê-lo me lembrei de um negócio, todo atos que fazemos, tem bondade bem como maldade misturados, só depende do nosso olhar para "classificar" o nosso ato como um, ou como outro.

Fique com Deus, menina Paula.
Um abraço.

Anônimo disse...

muito inteligente seu texto

Flor Di Lís! disse...

Parabéns pelo texto! xD

E poxa nem sempre a mandar a culpa procurar outro hospedeiro é legal, pois outra pessoa ira sofrer =(

Bjos

ELANE, Mulher de fases! disse...

O estado,escrevo minusculo mesmo,se diz mínimo, mas para injetar grana em bancos...tem verba,eqto nao houverem politicas e profissionais realmente engajados nessa luta,de validar de promover o cidadao,haverá sempre cenas assim, pessoas q viraram farrapos,achando q nem gt sao...
emocionaNte Paula,vc é demais...
continuemos dando bananas pela vida afora( para coisas q nao nos enobrecem), mas essa banana q ela comeu,foi um gesto de amor, acredite
bjao
ótima semana!!

lane

Ava disse...

Paula, quantas vezes ja nos deparamos com cenas assim!
Eu já, e muitas vezes! É algo doloroso e doido, porque justamente nos dá dimensão da nossa impotência!
Porque se fossse uma pessoa apenas, poderíamos levar para tomar um banho, colocar roupas limpas, alimentar...
Mas são centenas delas espalhadas pelas grandes cidades...
E o poder público, que tem a obrigação de fazer algo, nada faz!!!
É triste minha amiga!
Muito triste!

Um beijo em seu coração!

Lúcia Laborda disse...

Paulinha, pior é admitir que eles apanham do lixo mesmo. É uma cena chocante, mas já vi algumas vezes, às 18 hs em portas de restaurantes... E são muitos, que disputam aqueles restos. Dói por diversos motivos e por sentir impotência diante do quadro.
Eu também amiga, assim como muitos, sinto esse mesmo sentimento que você. Triste, mas real.
Boa semana! Beijos

Anônimo disse...

Minha linda, fizeste a descrição perfeita de uma cena que se repete milhares de vezes perante o olhar de um transeunte apiedado da situação e um 'excluído' da sociedade. Sabemos que cenas como esta são comuns, de pessoas que buscam no 'lixo' algum alimento para saciar sua fome e que, muitas vezes, o levam à boca com um olhar distante, enigmático, talvez para não ver a 'sujeira' que têm nas mãos como único alimento para 'enganar' a fome. Sabemos também que uma 'banana' pode também representar muito, ali, naquele momento. Não tanto como um alimento, mas como o gesto de atenção e carinho que alguém teve para com um outro alguém que já nada espera do semelhante. Acredito que conseguiste tocar o coração desse ser humano de olhar perdido no espaço e que lá no fundo do seu coração uma luz tenha se acendido, uma pequenina, diminuta mesmo, chama, mas que mostrou a ela, naquele momento, que alguém a olhava com o olhar do amor. Não foi pouco o que fizeste, minha linda, nem foi apenas uma banana que deste, foi um pouco de esperança no mundo que colocaste naquelas mãos. Não importa o quanto durou nem o sabor que ela sentiu ao degustar, pois o momento mais importante se fez no gesto de receber o seu carinho.

Sempre podemos fazer alguma coisa pelo nosso semelhante, ajudar uma instituição, contribuir de alguma forma para que a desigualdade social se faça menor, não esperar apenas a atuação do governo, mas fazer a nossa parte também.

A postagem de hoje traz uma certa tristeza, amiga, mas é assim que se sentem todos aqueles que vivem uma situação como esta que descreveste, e que gostariam de viver numa sociedade mais igualitária.

Fica meu carinho guardando uma rosa branca que deixo no teu coração junto de um beijo.

(O azul ficou suave, lindo, como a tua alma iluminada de amor)

Anônimo disse...

Minha linda, fizeste a descrição perfeita de uma cena que se repete milhares de vezes perante o olhar de um transeunte apiedado da situação e um 'excluído' da sociedade. Sabemos que cenas como esta são comuns, de pessoas que buscam no 'lixo' algum alimento para saciar sua fome e que, muitas vezes, o levam à boca com um olhar distante, enigmático, talvez para não ver a 'sujeira' que têm nas mãos como único alimento para 'enganar' a fome. Sabemos também que uma 'banana' pode também representar muito, ali, naquele momento. Não tanto como um alimento, mas como o gesto de atenção e carinho que alguém teve para com um outro alguém que já nada espera do semelhante. Acredito que conseguiste tocar o coração desse ser humano de olhar perdido no espaço e que lá no fundo do seu coração uma luz tenha se acendido, uma pequenina, diminuta mesmo, chama, mas que mostrou a ela, naquele momento, que alguém a olhava com o olhar do amor. Não foi pouco o que fizeste, minha linda, nem foi apenas uma banana que deste, foi um pouco de esperança no mundo que colocaste naquelas mãos. Não importa o quanto durou nem o sabor que ela sentiu ao degustar, pois o momento mais importante se fez no gesto de receber o seu carinho.

Sempre podemos fazer alguma coisa pelo nosso semelhante, ajudar uma instituição, contribuir de alguma forma para que a desigualdade social se faça menor, não esperar apenas a atuação do governo, mas fazer a nossa parte também.

A postagem de hoje traz uma certa tristeza, amiga, mas é assim que se sentem todos aqueles que vivem uma situação como esta que descreveste, e que gostariam de viver numa sociedade mais igualitária.

Fica meu carinho guardando uma rosa branca que deixo no teu coração junto de um beijo.

(O azul ficou suave, lindo, como a tua alma iluminada de amor)

Peter Pan disse...

LInda Amiga:
Uma narração impressionante e real sobre a miséria humana mais comovente e profunda. Posso perguntar a quem de direito. Quem colocou a senhora ali? Que causas profundas motivaram o seu total e completo abandono e a impressionante figura "tragada" pela vida? Que sonhos poderá possuir em si, este Ser Humano igual aos demais? Onde páram os igualitários e salvaguardados Direitos Humanos de todos? Quem permite a indignidade sofredora deste mundo que faz coisas cruéis e injustas?
Um texto que dá para pensar. Para reflectir. Para agir prontamente com indignação e revolta nas sociedades modernas em pleno século XXI. Inacreditável. Como há pessoas que conseguem ainda permanecer sentadas comodamente em sofás de ouro descansadas e com comodidade, perante o que, aminha simpática e genial amiga, acaba de narrar com oportunidade e pertinência?
A INCLUSÃO SOCIAL dos mais desprotegidos merece toda a atenção urgente e imperiosa pelo desassossego humano, ao seu profundo e sensível Post sobre o assunto.
"Reabri" o Cantinho do Nunca, se quiser lá passar será bem vinda.
Beijinhos de respeito, estima e imensa consideração.
Sempre aadmirá-la

Peter Pan

Excelente! Retrata fielmente a cruel ausência de inclusão social de certas pessoas motivadas pelas adversidades e absurdas circunstâncias da vida.
Bem-Haja, amiga!

Ana Luísa disse...

Nossa, doeu como se eu estivesse vivendo. Sempre fico acabada quando vejo essas cenas, e qdo dou alguma coisa e as pessoas agradecem, me parte ainda mais o coração.

:.tossan® disse...

Bela narrativa. Pode estar certa que somos cupados sim. De uma forma ou de outra. Beijo

Cecília disse...

Nossa Paula, que texto maravilhoso!!!
Me arrepiei...

Beijos

Glayce Santos disse...

Rasga a alma, né???? É bom saber que ainda existem pessoas que ao menos importam-se... Mas, quanto à culpa, nunca consigo me sentir culpada pela negligencia do Estado, sei lá. Se ajudo, ajudo pq sinto, pq sou humana, mas n pq me sinto culpada de algo!

beijos, moça que escreve muito bem!

Alfredo Rangel disse...

Paula, porque todos nós, "pessoas normais", que "merecemos" tudo o que temos porque "lutamos muito para conseguir" não nos indignamos com a podridão em que vivemos nós, os seres humnos?
Deveria ser inadmissível que pessoas, gente, pudessem chegar a este ponto em que vc encontrou esta Senhora.
Temos excelentes ONGs que cuidam das baleias, das tartarugas, dos ursos, dos cães e gatos. Gente que se dedica de corpo e alma para defender e preservar todas as espécies de minorias, de animais, da natureza...Gente brilhante, abnegada, verdadeiros anjos...
E o ser humano?
Parabéns por tua indignação...

beijo, grande beijo

Alfredo Rangel disse...

Paula, porque todos nós, "pessoas normais", que "merecemos" tudo o que temos porque "lutamos muito para conseguir" não nos indignamos com a podridão em que vivemos nós, os seres humnos?
Deveria ser inadmissível que pessoas, gente, pudessem chegar a este ponto em que vc encontrou esta Senhora.
Temos excelentes ONGs que cuidam das baleias, das tartarugas, dos ursos, dos cães e gatos. Gente que se dedica de corpo e alma para defender e preservar todas as espécies de minorias, de animais, da natureza...Gente brilhante, abnegada, verdadeiros anjos...
E o ser humano?
Parabéns por tua indignação...

beijo, grande beijo

Anônimo disse...

Paula, a pessoa que sente esse peso na consciencia é porque não faz nada para ajudar. A nossa sociedade ainda engatinha no trabalho voluntário e aí está a saída para muitas problemas. Pode não parecer muito, mas nem tudo cabe ao governo fazer. Não é porque pagamos impostos que nos livramos de nossa responsabilidade social. Beijus

Camila disse...

E pior é pensar na quantidade de "bananas" desperdiçadas por tantas outras pessoas.
O mundo tem fome e anda rápido.

BeijO Paulinha

Unknown disse...

Paulinha inteligente mesmo esse seu texto.......

so vc mesmo pra surpreender

bjos

Leo Mandoki, Jr. disse...

finalmente um texto de contrição sobre um problema real e que pouco ou nada tem a ver com Deus...

Elcio Tuiribepi disse...

Oi Paula, aos 18 anos levei uma criança para dormir em minha casa, ela estava chorando, perdida e com fome, meus pais aceitaram acolhe-la, mas não deixaram de me dar conselhos pela atitude, foi um misto de acolhimento com preocupação, só mais tarde fui entender a reação deles...mas foi no impulso...hoje acho que o coração anda meio duro, temos mais medo de ajudar...receio...a maldade está aí, em todos os cantos...Quanto a se sentir culpada...complicado mesmo, essas coisas mexem com a gente, parece que nós é que somos culpados...bela postagem...belo gesto...um abraço na alma

Café da Madrugada® Lipp & Van. disse...

Foi um dos textos mais lindos que li hoje. Porque foi real e sincero. E nada mais cheio de sentimento verdadeiro, que algo real e chocante.

"nós temos que fazer a nossa parte. E eu não faço. Minha omissão dói, em mim, no outro. Contribuindo para a permanência das diversas exclusões sociais."

Que criemos coragem, deixemos a insegurança de lado e façamos o que devemos fazer...

chorei!

Van.

. disse...

Gostei minha amiga..gostei muito..
tambem queria ter esse jato de lavar as pessoas que vc cita..queria melhorar algo..
Beijos

Carla disse...

um texto fabuloso que adorei ler
beijos

Anônimo disse...

Paula..que realidade dura essa. IMpossivel nao se tocar.
Beijos e dias felizes


Mudei de endereco, Paula


www.graceolsson.com/blog

Pelos caminhos da vida. disse...

Gostei do seu post.

Injustiça Social,é muito triste,quase todos os dias presencio cenas assim.

beijooo.

Unknown disse...

É Paula, às vezes é difícil saber como agir perante situações como a que você aqui descreve. E o sentimento de impotência perante as injustiças dessa vida nos arrasa, é como uma onda gigante contra a qual não conseguimos fazer nada.
Se em cada oportunidade que a vida nos coloca pudermos demonstrar a nossa compaixão, como você fez, estaremos fazendo a nossa parte.
Ao não nos rendermos ao consumismo desenfreado, também estaremos fazendo a nossa parte.
Ao não fingirmos que não estamos vendo, também estaremos fazendo a nossa parte.
Ao não perdermos a esperança de que um dia essas injustiças deixarão de existir, também estaremos fazendo a nossa parte.
Bjs e tenha uma boa semana.

Anônimo disse...

È uma cena corriqueira nas cidades, por mais sensibilizados que ficamos infelizmente é normal, talvez até estranhassemos se um dia sarimos as ruas e não virmos tais personagens, frutos da ganancia do homem, da incompetencia e corrupção dos politicos, são sim seres humanos, imagem e semelhança de Deus que mereciam uma sorte melhor na vida, uma oportunidade, em primeiro lugar, de estudar, de ter saude, direitos tão comuns aos paises desenvolvidos, mas aqui lutamos contra tudo que é desonesto, provado e comprovado e por fim esquecidos pela justiça que só pune se caso essa mesma mulher roubar um prato de comida num desespero, provavelmente morra na cadeia, já pelos lados de Brasilia, onde o mal está enraizado, pode se tudo, rouba se tudo, inclusive a nossa dignidade, eu tenho aversão a politicos, a politica de um modo geral, não discuto esses temas, mas enfim, quando a gente vê isso e´dificil ficar calado, não sei se seria uma solução facil, mas eu não acredito que não tenha solução, basta querer, basta o ser humano olhar um pouquinho a volta e nao ao proprio humbigo, fico com a cena da mulher com uma banana na mão como se fosse o unico alimento do mundo, e pra ela é, ao menos um alimento decente, nao os restos do saquinho de lixo, e aproveitando a fruta, uma penca de "bananas" bem dadas nas urnas a esses desonestos que governam o pais...me perdi no comentario eu acho, mas enfim, fico triste com a cena tambem....beijos e uma linda tarde....

Anônimo disse...

Só uma palavra para esse texto: MAGNÍFICO. Bjus.

http://so-pensando.blogspot.com

Amarísio Araújo disse...

Paula,

Você disse tudo!Emocionante seu relato,emocionante você.
Que aprendamos a lição,por vezes já sabida de cor.
Parabéns pelo post.
Beijos

Lay Santana disse...

Geralmente tbm me pego assim, numa situação, fico inerte, sem saber o que fazer, diversas indagações me passam pela cabeça, sei que não faço a minha parte, como 90% das pessoas tbm não fazem, mas não que eu utilize disso como artificio para dizer: se não fazem também não faço. Faria se realmente pudesse, tento ajudar as pessoas como posso, mas tbm fico sem saber como agir, a quem recorrer.
É triste isso, mas é a realidade.

Dani Pedroza disse...

"Escrever tudo isto é reviver tantas coisas. Que estavam naquela cena, e não eram necessariamente daquela cena."

É impressionante como, em muitas situações, coisas que não são palpáveis, que não são visíveis, fazem tanta ou mais parte de uma cena do que os elementos "concretos" que a formam. E isso não me parece nada surpreendente. Uma situação pode ser apenas mais uma circunstância cotidiana ou pode (literalmente) te fazer parar. E o que diferencia uma coisa da outra? Não é uma cadeira, um saco plástico ou uma lata de lixo. São as bananas (que vc deixou de dar, que vc gostaria de dar, que vc levou), são as vivências que te levaram até ali, os sentimentos que te fizeram realmente enxergar o que estava havendo, as experiências que determinaram a sua interpretação pra aquela cena. No final das contas, o que realmente faz com que uma coisa concreta exista pra vc é tudo de abstrato que há dentro de vc. Parece papo de maluco? Pode ser... rs... rs.

Fiquei pensando no que nos faz sentir seres humanos. A saciedade do corpo, a saciedade da alma? Seria mesmo possível uma sem a outra? Digo de forma plena.

Enfim, mesmo sem saber um décimo das coisas que efetivamente compunham a cena que vc descreveu aqui, por algo que, por faltar um nome mais adequado, vou chamar de sintonia, posso imaginar o quão longe foram seus pensamentos naquele momento.

Sem medo de ser repetitiva, preciso dizer que seus posts são tão abrangentes que sempre vou embora com a sensação de que ficou muito a ser comentado. E isso é ótimo. Bjs !!!

Arco-da-Velha disse...

Eu nem o sei o que te dizer Paula. :) Obrigada pela banana.
Parece que sempre será assim desde o início dos tempos - as diferenças sociais. Por mais que nos incomodem por dentro, podemos oferecer bananas, e devemos fazê-lo, mas não vamos conseguir mudar o Mundo. Não sei porquê. Parece que nós só sabemos dar valor aquilo que temos quando nos encontramos deparados com o que podemos não ter.

:) Bj

Anônimo disse...

Olá querida Paula Barros, este texto me fez refletir muito sobre a situação dos irmãos que vivem, marginalizados. Infelizmente este país, ainda continua excludente, muito triste, com tanta riqueza e um povo maravilhoso e trabalhador.
Temos que fazer a nossa parte e esperar por dias melhores, com a graça de Deus.

forte abraço

Caurosa

Hugo de Oliveira disse...

Paulo...lindo demais.
Estou de volta minha flor...espero poder continua compatilhando meus textos com você.


abraços

ex-controlador de tráfego aéreo disse...

Oi Paulinha!

Eu gostei do seu texto por mostrar que ainda há esperança para nós humanos. Lindo gesto. Sabemos que não dá para consertar todas as situações de uma só vez, mas as que estão ao alcance imediato são possíveis, sim.

Parabéns por sua humanidade!

Um beijo com carinho!!!

O Sibarita disse...

É isso, o chamamento...

Moça, fora da caridade não há salvação!

Fez bem em dar a banana, era o qu você tinha no momento, sabe isso são testes, faça fé fia!

Não adianta culpar ninguém, façamos a nossa parte...

Porreta!

bjs
O Sibarita

Lugirão disse...

Paula, a coisa pior que pode existir é a indiferença, a maioria de nós passa por cenas como essa todos os dias, mas está tão preocupada com sua própria vida que não para para observar o que acontece ao redor.
Mas sempre é hora para acordar...e tentar fazer algo.

Beijos

Dona Sra. Urtigão disse...

Pôr cada pequeno gesto na conta do mundo, eles se multiplicam. O problema é que os maus gestos tambem se multiplicam então temos muito trabalho a frente, para equilibrar este deve/haver