quinta-feira, 10 de março de 2011

Era um salão imenso, ela dançava. Todos os dias ela escutava músicas e fazia passos de balé, mesmo sem ter aprendido, mesmo se desequilibrando. Mas dançava, se sentia livre e feliz. Era o modo dela ser feliz, dançando, totalmente nua, tão nua que era possível ver as veias da alma dela.

Ele todos os dias vinha vê-la dançar. Limitava-se a olhar pela fechadura da porta. Mesmo que a porta estivesse aberta, mesmo sabendo que ela não se incomodava com a presença dele. Mas ele, por questões muito pessoais, preferia ter uma visão limitada do imenso salão e da alma dela. Continuava, todos os dias, a olhar pela fechadura e a estreitar o campo de visão e do sentir.

Ela sabia que ele olhava pela fechadura, e só via um pouco da alma dela e mesmo assim julgava a maneira dela dançar. Enquanto ela continuava a dançar alegre, livre, leve e solta. Mas não cabia a ela abrir a porta. A porta estava aberta, mas ele por questões dele que não dizia respeito a ela, continuaria a olhar pela fechadura. Talvez um dia entrasse para dançar. Talvez um dia deixasse de vir. Ela, poderia até ficar triste com a ausência dele, mas não deixaria de dançar. Aprendeu a soltar a alma enquanto dançava.

17 comentários:

Anônimo disse...

..Aprendera a soltar a alma enquanto dançava...e no perfume de todas as manhas seus passos eram como o rodopiar de uma borboleta assim sem plano de vôo, com o coraçao a bombardear a emoçao que sentia ao saber que amava, amava e amava...

(Acabei viajando nos seus versos rs)

Lindo...bjos!!

Samaryna disse...

Paula, eu penso que a música e a dança pode realmente elevar alma, sentir. Adorei a expressão a veia da alma, é algo para se imaginar. A timidez da personagem masculina lhe fecha a porta para a felicidade e o respeito da personagem feminina ao direito do outro de não ultrapassar mostra muito bem que às vezes é necessário transgredir.

Eu fui ouvir Samarina, gostei na voz de Simonal, mas achei muito triste, ouvir tb na voz do Edson, mas preferi Ivete por ser mais alegre.

Os meus textos vão sendo publicados assim que eu os finalizo, sou viu dar tempo para que leiam, afinal, escrevemos para ser lido. Deixo o meu afeto.

Unknown disse...

paulinha!

menina bailarina que dança ao sol e à lua, abraçada às palavras sem tocar com as pontas dos pés no chão!

vim apenas espreitar... tenho o pé pesado! rsrsrs

lindo demais!

beijos
walter

Dauri Batisti disse...

Ele olhava pela janela, mas os olhos da bailarina ocupada com seus rodopios confundia janela com fechadura. Talvez, mas a história é tua e vc, com certeza, vai dar conta do destino das personagens. Bye!

Blue disse...

Andarilha, a menina nordestina que dança com as palavras...

Paula, lembrei-0me do filme que assisti esta semana. Bailarina. Fantástica. Exuberante. Aprendeu a soltar a alma enquanto dançava.

Cisne Negro! Vá, assista e comente.

Beijo

Everson Russo disse...

Me parece uma pessoa querendo de vez se libertar na dança...nos passos do amor,,,na leveza dos sentimentos...interessante que seu texto me lembrou um filme com a Jennifer Lopez e Richard Gere,,,Dança Comigo....conhece? beijos de bom final de semana pra ti.

Eu disse...

Peço licença para entrar em seu espaço,
e deixar um recado igual para todos os que considero.
A Blogosfera é um paraíso literário.
Aqui encontramos pessoas com dons maravilhosos!
Eu tive muita sorte... Nesses caminhos eu encontrei você!
Obrigada por fazer parte da minha vida.
Um beijo carinhoso


Obs: Admirar o belo é trazer cores para o dia! Por isso ele sempre vinha apreciá-la.

myra disse...

sim, sim, sim, dançar, dançar toda a vida que beleza...
beijos minha queridissima Paula

pires disse...

Dançar com ou sem platéia é mágico!Pensa dançar com alguem te observando pelo buraco da fechadura? É excitante!! Bjos, menina!!

Anônimo disse...

Vim conhecer a Paula a sua escrita e a casa.
Gostei muitíssimo.
Volto já.

Obrigada por se ter juntado aos amigos no rau.

Beijinho

Paulinho Mesquita disse...

tempos que não passo por aqui!
bom ver que a via continua cheia de danças!
beijos!

Teresa Alves disse...

A vida! Os encontros, os desencontros. Assim também os passos.

O ritmo, entretanto, que tem sido um tema bastante divulgado por você, Paula, diverge dos passos. De bailarina ou de sambista, ou de amadora.

Um conto que cabe num olhar curioso e limitado, pela fechadura, e que faz nascer, talvez, não o passo, mas um compasso de vida, ou de opção de vida. Qualquer alternativa valida a expectativa em torno do passo, porque transcende o corpo e que sabemos, bem poucos o conseguem.

Parabéns, pela criatividade e originalidade.
¬

Maria Dias disse...

Q lindo isso...As vezes me sinto assim (sempe acompanhada ou sózinha na sala...dançando)

Beijinhos

Maria

P.s.O carnaval de Recife retratado por vc me da nostalgia...Lembrança de um tempo quando eu ainda era menina, assim, cheia dos sonhos e das fantasias bem coloridas feito o carnaval de Olinda.
Aliás Olinda é um pedacinho muito especial do nosso país.

mfc disse...

Sabe?? Fez-me lembrar o filme "Era uma vez na América"!!

Sonia Pallone disse...

Passando pra registrar meu carinho e te cumprimentar pelas letrinhas mágicas. Bjs.

Dona Sra. Urtigão disse...

Teu mini conto é poesia pura !
Bravo!

Armindo C. Alves disse...

Para se abrir a fechadura é preciso sentir a liberdade. Não basta ser consentida.
Tudo tem um tempo certo. Só assim a vida faz sentido.

Fértil a imaginação. Bela a sua escrita.

Bom fim de semana.

Beijos.