terça-feira, 27 de agosto de 2013





Quando pulei do vigésimo quinto andar daquele prédio, eu não queria morrer, eu pensei que podia voar. Eu sou queria liberdade. Fugir talvez. Mas meus pés já não me levavam a lugar nenhum. Tudo estava muito difícil. Eu, as pessoas, os relacionamentos. Subi os vinte e cinco andares de escada, para fortalecer as pernas, para pensar, para encontrar uma forma mais adequada de voar, mas o infinito me chamava para o topo daquele prédio. O infinito ou o vazio? Nem lembro mais. Lá de cima eu podia ver o mar. Ah, o mar, gosto tanto. Por que em vez de voar eu não fui nadar no mar? Lá no fundo, junto aos tubarões, as arraias, me enrolar nas algas. Mas eu já estava tão enrolada, que talvez um pulo na vastidão do ar fosse melhor. Eu sempre via crianças brincando com pipas, e a linha enrolada no carretel sempre se desenrolava enquanto a pipa subia movida pelo ar. Era isso que eu queria, voar, voar, me soltar feito uma pipa. Eu não pensava que o chão era tão próximo, e que o peso que eu carregava na alma ia me ajudar a chegar mais rápido ao chão. O peso da alma não ajuda a voar. Os nós da alma impedem o pensamento de levantar voo. Tudo puxa para baixo, parece que não tem vento quando estamos enrolados, pesados. Depois que fiquei estatalada no asfalto, eu já não escutava nada. Nada doía, nem o corpo, nem a alma.  Eu não sabia onde estava, não era o céu que eu imaginava, com pessoas vestidas de branco, num vasto campo verde, não, não era. Nem era o inferno. E eu me lembrava, vagamente, que sempre achei que o inferno se faz no dia a dia, nas convivências, nos relacionamentos. Mas também este mesmo dia a dia, as convivências, os relacionamentos formam o céu. Ah, é tudo tão confuso. O corpo começou a doer, o pescoço estava tenso, as pernas pesadas. Escutava uma voz distante me chamando, Diamantina, Diamantina, você vai perder a hora de ir para a escola. Acorda menina, olha a responsabilidade com a vida. De novo a vida me chamando.

7 comentários:

eder ribeiro disse...

Paula, excelente teto. A vida sempre nos atenta para o q é importante numa convivência. Para viver basta coisas simples, para conviver é q se complica. Relacionar com os outros, eis tudo. Abçs.

Cidália Ferreira disse...

Bonito texto, sonho??
Quantas vezes sonho que voo loool Adorei ler...Devemos estar sempre atentos.

Um dia feliz, beijos

http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

myra disse...

sonhar que voamos, e fantastico, mas sabe o que quer dizer?:
desejo sexual:)))
beijos
e aqui estamos em vesperas de guerra! horrivel...espero que seja somente um gde susto!

Existe Sempre Um Lugar disse...

Olá,
Penso que todas as pessoas já sonharam que estão a voar, já passei pelo sonho voar, é agradável, penso eu, que o mesmo tem haver com o desejo da liberdade.

(CARLOS - MENINO BEIJA - FLOR) disse...

Um sonho e tanto, uma sensação de voar em sonho, um desejo oculto, talvez adiado, mas não esquecido, uma liberdade negada e rebuscada. De qualquer forma, serviu para valorizar melhor o que temos à mão. Parabéns. Um texto intrigante. Beijos.

Paulo Francisco disse...

Gostei!Você caminhou entre o real, o virtual e a ficção.
Outro beijo

O Sibarita disse...

Ô porreta! kkk Um sonho de Ícaro, voar que não quer? kkkkkkk

Xiii... kkk É assim é? O inferno se faz no dia a dia, nas convivências, nos relacionamentos? Raaaaaapaaaazzz... kkkkkkkkkkkk

Ainda bem que vc diz logo em seguida que tudo isso pode dar em céu, oi que bom! kkkkkkk

Belo texto!

O Sibarita