sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Um dia, numa casa de bonecas, a menina brincava sozinha. Adorava falar só, conversar com os amigos imaginários. Contava fatos que aconteciam na vida dela. As bonecas adoravam as histórias. Tinha um anjinho pendurado na parede que nada entendia daquelas conversas. A menina muito serelepe dizia tudo que vinha à cabeça. Além de conversar com as bonecas ela falava com o anjinho. Primeiro ele não entendia por que as bonecas ficavam no chão junto à menina, e ele sempre pendurado na parede. Não entendia por que a menina olhava para ele com aqueles olhos tão alegres, cheios de vida e admiração. Não compreendia a adoração por ele. Tudo achava estranho. A menina rezava olhando para ele e até rezava para o bem dele. Ele dizia que não era anjo, que nunca fez nada para ficar ali, era normal, era gente. Olha só! O anjinho queria ser gente. Quanto mais a menina rezava por ele, mais ele se assustava. Ela era tão espontânea contava tudo. Quando ele soltava suas palavras e batia as asinhas da emoção a menina ficava extasiada. Sorria, chorava. O coração pulava diferente. Para demonstrar que ele era muito, mais muito importante colocava ele mais em cima. Ele ficava chateado e emudecia. Ela não desistia. Fazia mil piruetas para tocar o coração do anjinho. Dizia que ele era importante. Que as palavras dele eram bonitas e emocionantes. Ele fazia beicinho e dizia – “sou normal”. Não para ela. Ele não entendia. Até que um dia, para demonstrar o seu amor, na forma mais pura que ela concebia, amor incondicional, caiu na besteira de chamá-lo de filho. E disse que ele podia sair daquele lugar tão alto e isolado, e se um dia estivesse triste lembrasse que ela rezava, estava junto. Foi o estopim! “Você me assusta”. “Não entendo”. “Não fale mais comigo”. Bateu as asas e foi embora. A casa de bonecas nunca mais foi a mesma. A menina quer o anjinho de volta.

15 comentários:

layla lauar disse...

Que lindo Paula. Que a menina não fique tão triste, mesmo que ela não queira e não acredite ser possível, anjos também são substituídos e esse anjunho aí pode ficar para sempre na lembrança dela, como algo bonito, apenas. Mas que ela fique com os olhos bem abertos, os anjos voam rápidos... pode ter algum, agora mesmo, ao lado dela, mas de olhos e coração fechados não vai vê-lo.

Beijos com carinho

Paula Barros disse...

Oi Layla querida. As lágrimas que rondam meus olhos, agora brotaram com as sua palavras. Estou sempre a agradecer as suas palavras de carinho, fico muito emocionada.
beijo e abraços

Anônimo disse...

Olá Paula! Que bom que gostou do meu blog! Também gostei do seu! Vou frequentar sempre! Leia o meu também, sempre que possível! Sucesso pra vc também! Bjo do Vintão! hehe

Alisson da Hora disse...

Delicado e belo, como o vôo de um anjo.

beijo

a.h.

Paula Barros disse...

Alisson.
Obrigada pela carinho. Você é belo.
abraços

Paula Barros disse...

Vintão, que legal que você veio por aqui. Volte sempre. Vou por lá com certeza.
abraços

Anônimo disse...

Não sei Paula...lembrou-me algo. As vezes colocamos pessoas no pedestal porque elas nos compreendem e isso as assustam e elas fogem. Tenho um amigo que em minha opinião deveria ser PADRE porque ouve as pessoas ( não somente a mim) e traz conforto a elas. Cada vez que o elogio, ele recua, tem medo. Diz que criamos expectativas e que ele é normal.

Anônimo disse...

Paula,

Belo texto!

Mas os anjos são às vezes incompreensíveis. Outras vezes, incompreensivos.

Mas, como disse a Layla, sempre podem ser substituídos!


Abraços, flores, estrelas..

Anônimo disse...

Olá, adorei seu blog e seu texto.
Bom demais.
;)
Queria agradecer as visitas no Entremeado.
Até breve e beijão.

Anônimo disse...

MINHA QUERIDA AMIGA,LINDO ESSA DO ANJINHO,FIQUE NA CERTEZA DE QUE UM DIA BATERÁ ASAS DE VOLTA .ANJOS SÃO ASSIM MESMO DESAPARECEM + SEMPRE NOS PROTEJEM UM BJ COM CARINHO SUZI.

Codinome Beija-Flor disse...

Sabe Paula,
Acho que fiz com a menininha, amei tanto que acabei assustando, mas não o via como filho, nem como anjo, viu como o meu "Amor".
Lindo seu post, lindo, lindo.
E eu acho que as pessoas são sim insubstituíveis. Nunca mais haverá um Pelé, um Roberto Carlos, uma Alcione, uma " Paula Barros, um " Edson Marques"... ninguém ocupa o lugar de outra pessoa, cada um conquista o seu.
Bjo

Paula Barros disse...

codinome beija-flor, concordo com você, cada pessoa tem sua importância. Mesmo quando descobrimos que a importância foi dado por nós mesmos. Quando escrevemos e colocamos no blog as vezes parece uma coisa, quando na realidade é outra. A dificuldade em esquecer, é justamente por não querer esquecer, querer perpetuar o sentimento bom. Tatuar a alma com este sentir.
gostei muito das suas palavras.

Paula Barros disse...

Chuvinha.
No seu caso o rapaz é seu amigo, e se assusta. No meu caso, ele foi o amigo que eu queria que ele fosse. O amigo idealizado.Ele "ouviu", "participou" como poucos participam do que vivi. Foi tolerante demais, paciente ao extremo. Por isso coloco no pedestal.
ler seu comentário e escrever este é me emocinar bastante. obrigada

Paula Barros disse...

Edson
Começo a perceber quando os sentimentos são confusos e incompreensíveis, somos nós que estamos enganchados em algo mal resolvido. Ele não será substituído, por que não quero que se repita nada igual, nem comigo, nem com um outro qualquer.
Ainda luto para entender, busco explicações de todo tipo, reflito. E as lágrimas só escorrem, lavam meu rosto, molham meus lábios, e continuo sem entender. E vocês também não entenderão. E não podem me ajudar.
De qualquer forma obrigada pelas palavras. Vou lá no blog mude para alfinetar lugares ainda não alfinetados.E mudar no que posso mudar. beijos querido

Paula Barros disse...

Entremeado, sempre que puder e se sentir a vontade volte. Gosto muito do seu blog, da forma de escrever. Estou sempre por lá. Acho sua coragem fascinante.
abraços