Ele passou no açougue antes de ir para casa. Observou o pé de porco no balcão branco de mármore, frio e sujo. Pensou nas próprias mãos que tentaram cortar. Sentiu o estômago revirar e gelar. Olhou o rabo do porco, num cantinho do balcão e pensou no próprio rabo que tentaram prender. Observou as orelhas do porco murchas, enrugadas, largadas. E pensou nos ouvidos que quiseram tampar. Viu os olhos do porco sem vida, sem brilho, e lembrou dos seus olhos que quiseram furar. Viu o porco todo estraçalhado. Pensou na sua vida que tentaram retalhar. Procurou no balcão branco de mármore, gélido, o pensamento do porco. O açougueiro respondeu. O pensamento ninguém consegue pegar. Não há dinheiro que possa comprar. Então ele disse: mas o coração está ali, exposto, sangrando. Sim, está. Mas o sentir não está no coração. Está na alma, e a alma foi liberta, a cada mutilação que tentaram fazer. Ele ali, em pé, diante do porco liberto, sentiu uma lágrima úmida escorrer pelo canto dos olhos. Suspirou aliviado. Sentiu sua alma voltando a pulsar e viu que o pensamento, esse ninguém vai domar, nem comprar, nem pode vigiar.Sentiu-se liberto e aliviado, do olhar que aprisionava a alma.
domingo, 25 de maio de 2008
Ele passou no açougue antes de ir para casa. Observou o pé de porco no balcão branco de mármore, frio e sujo. Pensou nas próprias mãos que tentaram cortar. Sentiu o estômago revirar e gelar. Olhou o rabo do porco, num cantinho do balcão e pensou no próprio rabo que tentaram prender. Observou as orelhas do porco murchas, enrugadas, largadas. E pensou nos ouvidos que quiseram tampar. Viu os olhos do porco sem vida, sem brilho, e lembrou dos seus olhos que quiseram furar. Viu o porco todo estraçalhado. Pensou na sua vida que tentaram retalhar. Procurou no balcão branco de mármore, gélido, o pensamento do porco. O açougueiro respondeu. O pensamento ninguém consegue pegar. Não há dinheiro que possa comprar. Então ele disse: mas o coração está ali, exposto, sangrando. Sim, está. Mas o sentir não está no coração. Está na alma, e a alma foi liberta, a cada mutilação que tentaram fazer. Ele ali, em pé, diante do porco liberto, sentiu uma lágrima úmida escorrer pelo canto dos olhos. Suspirou aliviado. Sentiu sua alma voltando a pulsar e viu que o pensamento, esse ninguém vai domar, nem comprar, nem pode vigiar.Sentiu-se liberto e aliviado, do olhar que aprisionava a alma.
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25 comentários:
Linda, estou de volta em Brasília (de novo!) só não sei por quanto tempo!!! rsrsrsrsrsrs
beijos
vida da vida.vida na vida.vida eterna. ninguém morre.
o pensamento não pode ser domado, mas deve ser lúcido.O pensamento não pode ser comprado, mas não pode ser só advinhação.O pensamento não pode ser vigiado, mas deveria ...por nós mesmos. Para evitar distorções.
O coração pode sangrar tambem sem o balcão de mármore, basta apenas a forma que o pensamento dá para ele, as vezes, fere.
O pior, se fere só, sem motivo, pela mania de se ferir.
Bom dia pra voce Paula.
Olá querida Amiga Paula lindo texto... Verdade Menina, nem tudo pode ser comprado, mas pode ser vivido... J+á visitei as tuas fotos estão sensacionais... Parabéns!!!
Beijinhos de carinho e amizade,
Fernandinha
O pensamento não pode ser tirado mas pode ser compartilhado.
Obrigado Paula!
Tudo de bom para você também!
beijos do filhote virtual!
Paula, fico sem palavras quando fala dos meus poemas, só tenho que agradecer e ficar feliz por uma leitora como você, é o prêmio máximo que recebo por tê-la como leitora, mais uma vez obrigado.O pensamento é nosso e nossa liberdade está no olhar...
MAURO ROCHA
Paula, que coisa linda é essa? Fico maravilhado quando encontro pela vida uma pessoa que filosofa, que se preocupa em buscar as essências, aquelas coisas d'alma, que moram tão profundas para muitos, mas que alguns iguais a você, Paula, trazem à superfície e vão entregando ao mundo sob forma de ondas sutis, embalando a gente. Foi assim que senti ao ler essa sua bela crônica.
P.S.: pode parecer loucura pra quem não sabe do detalhe, mas no Pará - Transamazônica (ANAPU) -, onde morei por 5 anos, eu comprava, vendia e abatia gado. Daí me colocar lá dentro do açougue de seu lindo texto durante a leitura... Viajei pra 1977. Beijos
O pensamento ninguem pode pegar muito menos comprar.
São livres...
Adorei seu texto, sempre muito bem escrito.
Parabéns.
Beijos
Só vc mesmo para fazer estes paralelos da vida....conseguiu filosofar muito bem dentro de um açougue....mas a liberdade da alma, essa ninguém consegue evitar! abraço, bj e ótima semana amiga
Que bom, né?, que ao menos nossos pensamentos, nossos sentimentos e nossa alma não podem ser domadas.
É um consolo e tanto.
Vim com pressa, pois estou bem sufocada de tarefas nesta semana, agradecer as visitas e deixar aqui minha presença; pois não me esqueci de visitá-la - e faço com prazer.
Apenas estou numa correria enorme. Mas logo tudo volta ao normal.
Tenha uma ótima semana!
beijos
Paula, eu prefiro pensar que porco não tem alma. Álias, se fossemos pensar assim, não comeríamos carne alguma. Mais um motivo para adotar o vegetarianismo.
As fotos ficaram lindas! Curitiba é uma cidade bem cuidada e florida. Dá gosto de passear por lá!
Boa semana! Beijus
Sinistro! entendi as alegorias, achei válidas e profundas, bem escritas, mas como amo os animais, só fiquei pensando no coitado do porco sendo retalhado. (esse coração sangrando... fez sangrar o meu tb)
Um beijo
REALMENTE PAULA,BELA CRONICA DA VIDA,DO SENTIR DO PENSAR, E ISSO SO PESSOAS SENSÍVEIS COMO VC CONSEGUEM PASSAR DE FORMA TAO BONITA TAO CRÍTICA E DIRIA ATÉ ,PROVOCANTE,Q NOS INCITA A PENSAR E ANALISAR MELHOR A VIDA E NOSSO PENSAR,PARABÉNS!!BJ
de fato, tudo pode me ser tirado, mas meu pensamento, minha utopia, minha razão de viver e minha essência não... obrigado mais uma vez por somar... bjo grande
bom voltar aqui...
beijos
O pensamento não tem governo nem nunca terá. Boa segunda feira amiga.
O pensamento não tem governo nem nunca terá. Boa segunda feira amiga.
Podem dilacerar as víceras, retalhar as carnes, mas a alma segue liberta...
Um beijo
Alguma coisa nessa vida tinha que ser totalmente nossa.livre, sem amarras,sem censura.
Uma semana de pensamentos produtivos.
Ah o pensamento! Como vigiá-lo, como enquadrá-lo, como controlá-lo?
Que bom que é assim, não é Paula?
Bj.
O pensamento que voa loge, desloca mundos e some no infinito, esse é inegociavel, intocavel, inabalavel...beijos querida e uma otima semana...
Nos libertamos das cicatrizes quando aprendemos a conviver com elas. E a morte só liberta se deixarmos ir sem lágrimas ou pena.
achei finalmente o link nesse fundo preto, ave maria.
eu me sinto destrinchado.
Pois é, né? kkk Fia, o coração sangra, a carne dilacera, mas, o perdão é necessário...
E assim, a vida segue em frente com um novo olhar, faça fé!
Ah o pensamento, livre sempre...
bjs
O Sibarita
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