terça-feira, 16 de junho de 2009

Cemitério Brasília - foto Paula Barros
Nunca falei tanto de morte em tão pouco tempo. Antigamente falava de morte simbólica, de morte de sentimentos, de morte poética. Agora é morte morte. Em quinze dias morreram três colegas da minha empresa. Menos de 60 anos. E perto do meu trabalho, um menino com 13 anos, tomando banho de rio, morreu afogado. Vem o espanto, a tristeza disfarçada (ninguém chora), o trabalho não para, brincadeiras sobre morte são uma constante. Um já olha para o outro pensando e/ou dizendo, o próximo pode ser você, e quem está pensando caí em si e pensa, eu também posso ser o próximo. Um dia desses comecei a olhar para os meus colegas e dizer que ia sentir saudades, que gostava deles, que quando acontecesse tal coisa ia me lembrar deles. E me perguntaram D. Paula você vai ser transferida? Não, por que? Desde cedo que você se despede. É mesmo? É. Sei lá, talvez seja porque se eu morrer você vai saber que eu gostava de você, e se você morrer eu não vou me arrepender de não ter dito. Oxê, D. Paula sai pra lá. E rimos. Esse negócio de tratar o outro como se ele pudesse morrer a qualquer instantes é meio louco, fúnebre, até porque por mais que a gente trate bem, faça o bem, sempre fica a sensação que poderia ter feito mais e melhor. A morte lá virou piada. Sei que é fruto do medo, do nervosismo. Cada um que lembre da pressão alta, que nunca mais foi para o médico, da diabetes, do excesso de peso, do estresse, e ainda tem um agravante a maioria do meu setor está tomando viagra do Paraguai sem nenhum cuidado médico, e com freqüência. Bate o medo neles, mas querem viver, aproveitar.
O significado de viver bem me parece bem relativo.
Hoje quando soubemos da morte de mais um colega, começaram as frases do primeiro instante do pensamento. “Agora é que vou beber mesmo, posso ser o próximo”. “Agora é que vou namorar bem muito”, “Vou deixar de me estressar com o trabalho (esse é o mais irresponsável, eu aproveitei que ontem fiquei braba com ele e disse, é bom você me avisar porque quem vai morrer de estresse com você sou eu). No entanto fiquei me perguntando e perguntei a alguns, e ninguém me respondeu com convicão, nem eu me respondi. Você tem vivido bem a sua vida? O que é viver a vida bem, que tanto se fala? E se ficar em cima de uma cama, vou me arrepender de ter feito algo, ou de não ter feito? Fico me perguntando, mas não encontro respostas convincentes.

25 comentários:

Café da Madrugada® Lipp & Van. disse...

Haha, amores virtuais dão certo. ;)
Guarde isto!

:) Nossa, que texto hoje ein.
Morte. A gente tem medo de falar sobre... até parece que se a gente comentar, ela nos persegue né? rs.

Eu acredito que não dá pra responder certas questões, enquanto não se vive determinada situação como "ficar em cima de uma cama" pra refletir da maneira que deveria...

Eu faço coisas, e me arrependo a cada dia... eu deixo de fazer certas outras coisas e me arrependo do mesmo jeito... eu tento viver bem, mas nem sempre é como eu gostaria... a vida é assim... :) mas tirando os "problemas" a vida é bem vivida, e está tudo bem ! não é? uashuashuhu

Beeeeeeeijos!
Van.

Ava disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ava disse...

Paulinha, querida..

Não consegui ler seu testo...
As lágrimas insistem em cair...
Sei que vai passar, mas por enquanto elas precisam cair...

Obrigada... Sei que vc está aqui... Que sempre encontrarei seus braços para um abraço!

Beijos e carinhos!

Ava disse...

Paula, só complementando:

Existe a morte da esperança nos seres humanos...

Essa é a pior morte!

Unknown disse...

Isso é chamado evoluçao + capitalismo....olha os resultados...

triste ne...

cade a PAZ??

bjos

ELANE, Mulher de fases! disse...

pois é...a morte é certa...mas viver sem "viver" é ainda pior...pra mim,viver é fazer o que se tem vontade,um fazer saudável q nao prejudique ng e q cada momento seja valorizado!vivido, curtido!!
belo post Paula!!triste, porém, necessário para reflexão...
bj na sua alma linda!

Alisson da Hora disse...

Ontem apresentei um trabalho no mestrado para uma disciplina que teve como tema as representações da morte no imaginário. Não temos uma educação para a morte como havia a alguns séculos atrás. A morte hoje foi "higienizada", se alguém propor um velório em casa, como se fazia antigamente, provavelmente vai ser chamado de doido.Eu só tenho medo, na morte, de ser arrebatado e não dizer àqueles que eu amo o quanto eu os amo. Fora isso, ela pode vir, a velha "indesejada das gentes", quando bem entender. A gente não vive mais ou menos. A gente vive a medida de uma vida.

ex-controlador de tráfego aéreo disse...

Oi Paula!

Quando ela, a morte, se apresenta no nosso entorno, faz-nos refletir sobre o que e quem perdemos, sejam parentes ou amigos e mesmo colegas que no fim acabam sendo um pouco de nós mesmos que morre, nossa história. Penso que é por isso que essa reflexão tem um certo peso em nossas vidas, então é viver da melhor maneira possível e tentar não ter remorsos pelo dito e feito e o não.

Um beijo com carinho!!!

Pena disse...

Linda e Estimada Amiga:
Um texto que tem que ser tido em consideração pela realidade visível e, que manifesta a sua apreensão. É uma pessoa sensata e repleta de lógica admirável.
Temos que lidar com a vida e com a morte com sensatez, bom-senso e dignidade.
Fazem parte do imenso sentimento humano.
De forma mais do que o habitual tem razão em revelar incapacidade, tristeza e desencanto.
Não sabemos quando vai ser a nossa hora. O nosso instante.
Está preocupada, eu também fico apreensivo.
Saudações cordiais, perante o seu sentir alarmante.
Beijinhos amigos de pasmo, dedicação, amizade e respeito.
Pertinente post.
Sempre a admirá-la

pena

Bem-Haja, amiguinha distante.
Se pudesse votar no meu blog, deixar-me-ia feliz, se o não poder efectuar, amigos SEMPRE!
Sempre a lê-la com atenção...

Dauri Batisti disse...

É Paula, este tipo de fase passa. A vida é tão teimosa que logo ela encontra um jeito de te fazer viver outros assuntos para as tuas reflexões.

Um beijo.

Everson Russo disse...

Uau,hoje voce ta profunda, sensivel e perceptiva, eu digo que a morte é a nossa unica certeza, não temos como fugir dela, ela nos persegue a cada dia, pois cada dia é um dia a menos, a gente ve tanta coisa pela vida, pela tv, tantas pessoas que se vão, algumas deixam saudades, outras não, algumas deixam historias outras não, sei la, mas no balanço geral e tudo muito triste, eu tambem já me peguei escrevendo sobre isso, são momentos, são passagens, são textos que acabam ficando pesados e vão pra gaveta, não por medo, ou por insegurança, muitas vezes pra nao passar mais do que a tristeza da solidão, a melancolia de uma espera, sei la, o tema morte é pesado, mas ele ta em todas as esquinas, e vamos seguindo enquanto por aqui estivermos...beijos na alma, tenha um lindo dia de muita vida,,,,e gostei do Dona Paula...rs..rs..rs....

~*Rebeca*~ disse...

Paula,

A morte é a única certeza que temos na vida. Teve uma época, assim que minha mãe faleceu, que pensava muito em outra vida e como seria a sensação da morte. Uns meses atrás, fui assistir o filme "O misterioso caso de Benjamin Button" e me deu aquela aflição. No outro dia, estava eu, fazendo todo tipo de check up e com medo de partir dessa pra melhor. Ainda bem que estou bem, até consegui diminuir o cigarro. O negócio é pensar mais na vida e deixar a morte fazer a festa só no seu grande dia.

Beijo grande e que seu dia seja de luz.

Rebeca

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Sol da meia noite disse...

Vida e morte, de mãos dadas...
Existimos pensando no dia em que deixaremos de existir. Em tudo o que envolve essa situação.

Beijinho *

Luiz Caio disse...

Oi Paula! Bom dia!

Não adianta ficarmos imaginando quando será a nossa vez, e muito menos querer viver o dia de hoje como se fosse o ultimo, porquê se não for teremos mais problemas que o necessário para o dia seguinte!... Esta história de que o amanhã não existe é bobagem, pois na realidade, nem o ser mais enfermo acha mesmo que irá morrer hoje... A morte não avisa ninguém, graças a Deus! Detalhe... Idade, mais avançada, não é sinônimo de doença, ou até mesmo, de morte. O sinônimo dessas coisas é a maneira que vamos condunzindo nossas vidas ao longo do tempo que vamos vivendo. Todo mundo sabe que é preciso se levar uma vida saudável, dentro do possível... Como? Não fumar, não beber em excesso, dormir satisfatoriamente, procurar manter o peso equilibrado, ter uma alimentação saudável, praticar exercicio fisico, etc, etc... Esta é a nossa parte, todo o mais é com Deus! E aí não importa a idade!

DESEJO-LHE UM LINDO DIA, LIVRE DE PENSAMENTOS RUINS!

BEIJOS.

Ernani Netto disse...

A vida deve ser aproveitada ao máximo, sempre!

Pois a morte nos ronda a todo instante!

Bjaum

P.S.: To escrevendo em outro blog, dá uma passadinha lá:

http://ernaninetto.blogspot.com

Impasse Livre disse...

Encaro a morte como a maior passagem para uma nova vida...para aqueles que ficam, fé e renovação da esperança fluindo na saudade dos que se vão e para o s que foram uma passagem apenas...belo e emocionante post...... adorei estar aqui! beijos, leandro

Paulo Roberto disse...

A verdade é unica certeza q temos sim, mas precisamos morrer para nascer outros e assim por diante, não tem tanto espaço aqui na terra pra tanto humano.

Paulo Roberto disse...

Quero dizer, a morte é a unica certeza. Essa é a verdade.

Gabriella Bontempo disse...

Ah...
Que bonito!

Refleti muito sobre isso!

Viver é o melhor presente que se pode dar!

Bjoo

O Sibarita disse...

Oi Fia! Fez um texto para lá de reflexivo e preocupante para aqueles que não acreditam na reencarnação e até para mim que creio, acredito...

Dona moça, o que morre é a materia, a carne, porque, o espírito não morre, ele se desliga do corpo e segue sua trajetória para novas jornadas no processo de reencarnação.

Somos todos sem excessão reencarnados e, voltamos, para o melhoramento espiritual...

No Livro dos Espíritos, (Bom ler, viu?) livro em que Allan Kardec, decodificador do Espiritismo faz 1019 perguntas aos espiritos que respondem as mais variadas questões, explica bem isso.

No capítulo III (Da volta do espírito, extinta a vida corpórea, a vida espiritual) Allan Kardec faz a pergunta de número 149 : "O que sucede à alma (espírito) no instante da morte? Responde um espirito bem feitor; "Volta a ser espírito, isto é, volve ao mundo dos espiritos, donde se apartara momentaneamente." Ou seja, volta de onde veio após passar algum tempo como encarnado. Esse tempo que é a vida, temos o livre arbítrio para fazer o que quiser...

Na 159b do mesmo capítulo, Allan Kardec pergunta: A alma (espírito) nada leva consigo deste mundo? O Espírito responde: "Nada, a não ser a lembrança e o desejo de ir para um mundo melhor, lembrança cheia de doçura ou de amargor, conforme o uso que ela fez da vida. Quanto mais pura for, melhor compreenderá a futilidade do que deixou na terra."

Já no capítulo IV Da pluridade da existências. A reencarnação. Allan Kardec faz a pergunta 166. Como pode a alma (espírito), que não alcançou a perfeição durante a vida corpórea (encarnada), acabar de depurar-se? Responde o Espírito: "Sofrendo a prova de um nova existência."

Na 166b Allan Kardec pergunta: A Alma (espírito)passa então por muitas existências corporais? (encarnados) Responde o Espírito: "Sim, todos contamos muitas existências. Os que dizem ao contrário pretendem manter-vos na ignorância em que eles próprios se encontram. Esse é o desejo deles."

Então dona menina, a vida continua como desencarnado...

Claro que a morte de qualquer pessoa nos deixa tristes sim e no caso oremos por eles para que aceitem esse momento do desenlace como encarnados que foram um dia.

"Todos querem ir para o céu, mas, ninguém quer morrer" Bob Marley.

bjs
O Sibarita

Francisco disse...

Minha menina voadora!
Também já sobrevoei cemitérios, e não acredito na morte como um fim de tudo.
É apenas "dar um tempo" por aqui, e reencontrarmos todo mundo numa outra dimensão.
Voadores como nós, têm esses pensamentos de vez em quando.
Qualquer dia, vou te contar um sonho que tive de apenas 10 minutos, e que marcou profundamente.
Um beijo alado!

Blue disse...

Cara poetisa e escritora Paula!
Se eu te dizer que penso em morrer estarei afirmando que não tenho vivido bem minha vida.
Aí penso, será que tenho motivos para tanto? Será quye não estou sendo um ingrato por tudo o que já passou de bom pel aminha vida? Sei que ficamos apenas nos apegando ao ruim que nos cerca, que nos acontece. Fico confuso. Sei lá. Morrer será a solução?

Beijos

Dedinhos Nervosos disse...

A morte me abala, me deprime. Até mesmo a morte de pessoas estranhas. Só de passar perto de um cemitério, eu já me sinto desconfotável.

Quanto a dizer o quantos os outros são importantes pra gente, eu vivo fazendo isso. Com a internet essas declarações ajudam bastante, facilitam e as deixam menos "malucas", mas não menos importante. Eu vivo mandando recadinhos para os amigos que realmente amo.

Beijos.

Anônimo disse...

"O amor nos torna poetas; o casamento nos torna filósofos." Marcos Rittner, 2009

Daniel Savio disse...

Aff, me responda, você consegue viver uma vida com medo?

A minha resposta particular é não, então porque desperdiçar a tua vida tendo medo?

Fique com Deus, menina Paula.
Um abraço.