quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Beira mar






Acordei com muita saudade. Várias saudades, de todos os tipos, de todos os tamanhos. Algumas enormemente grandes. Essas saudades monstrengas que nos abraçam e não nos largam. Talvez tenha sido porque falei de algumas pessoas, deve ser isso, e me deu saudade de mim mesma, saudade até do que escrevi e não vivi, saudade do que vi, e do que não vi. Nem sei o nome disso, mas tudo se confunde e tem cheiro de saudade, tem aperto no peito de saudade.

De repente, o vento me traz o som do sino. E já nem sei se escuto ou se invento sons. O sino insistente vai minando as minhas forças, vai se juntando às saudades, me provoca inquietação. Olho o céu azul e fujo para bem distante, levo comigo as lembranças que tilintam no peito. Fugir, ir para bem distante, me afastar do som do sino, mas o pensamento é vento, o pensamento é furacão e vai levantando lembranças. Nem os pés molhados, grudados de areia, pesando, impede o pensamento de voar. Estou agora sem o som do sino, o som do mar continua a me trazer lembranças. Não adianta fugir, as lembranças, as saudades, as vontades estão em mim. Se derramam a beira mar.



7 comentários:

myra disse...

sabe minha querida Paula, isto é assim mesmo, voce tem razao:
"...Não adianta fugir, as lembranças, as saudades, as vontades estão em mim...."
muitos carinhos

eder ribeiro disse...

Paula, eu tenho em mim, só tem saudades e lembranças que sou be viver. O teu testo é poéticamente belo. Bjos, minha querida.

Maria disse...

Por mim não saio mesmo da beira mar. É ao mar que lanço todas as tristezas e saudades, é o mar que me devolve o sorriso que me lembro de ter tido, um dia...

Beijo, Paula.

Rui Pires - Olhar d'Ouro disse...

Como sempre, é um encanto ler suas palavras.
Tudo de bom!

Daíse Lima disse...

Amei !!!!!
Que coisa mais linda!!!!

Bjão !!!

Cel disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Armindo C. Alves disse...

Repetitivo no gesto, o mar é sempre diferente na forma. É lembrança de realidades. Agitado e melancólico, arrasta sons e espelha factos- é saudade.
Contemplá-lo é viajar através dos tempos.


...da mesma forma que lendo os seus textos, é percorrer caminhos.

Beijos.