sexta-feira, 4 de maio de 2012





Fechar os olhos e sonhar. Não é preciso, de olhos abertos e uma gramática me falando do plural do substantivo, sonho. Sonho. O sonho. Os sonhos. Sonho neste caso seria plural. Seria plurais de muitos sonhos. Seria um substantivo composto. O sonho do sonho. Com hífen ou sem hífen? Não sei o que diz a gramática. Melhor com hífen, para lembrar o tracinho de ligação. Feito o abraço que liga o sonho do substantivo homem, ao sonho do substantivo mulher. Pensar no sonho dele. No sonho meu. É pensar no pronome nós. A gramática é vasta. Neste sonho que é desejo que é vontade que é prosa poética que é encontro. Não encontro vocálico, nem consonantal, nem de dígrafos. Encontro de corpos, de pele, de bocas. Encontro de sonhos. O verbo no presente. Eu sonho. Sonho com os olhos abertos, sonho acordada, sentindo o cheiro de mata invadindo o mar. Sentindo a neblina da serra aconchegando a noite. A gramática é cheia de regras. Feito a vida. Tem muitas exceções que confundem e complicam. Feito a vida. Mas a gramática aberta em cima da mesa me dá o norte, me devolve o chão. Mesmo que os pés estejam tocando o cruzeiro do sul, no céu de estrelas onde os meus pés repousam. A frase, “jogue tudo para o alto”, embaralha o sujeito da oração. O verbo clama por ação. Ação que requer coragem. Vínicius, aquele sujeito, de sobrenome Moraes,  diz ao meu ouvido (ou seria ouvidos, já que são dois, e estou estudando plural?) – Que seja eterno enquanto dure. Que seja eterno o quê? O encontro no singular. Tão singular que seria eternamente plural. Quem é o sujeito da oração? Sujeito distante existe para a gramática? Ele, o sujeito, é singular. Com a ação de detonar uma pluralidade de ideias, de sentimentos, de desejos, de sonhos. Sonho azul. Sonho de rede. Sonho de varanda. Sonho de neblina. Sonho de abraço. Sonho de encontro. Sonhos. No plural. Cheios de adjetivos. A gramática está aberta me chamando. Enquanto sonho com os braços dele me envolvendo, na pluralidade de braços e afetos e aconchegos. Na singularidade do momento – encontro.



12 comentários:

Lucia disse...

uauuuuuuuuuuuuuuuuu e você nem entrou nas exceções do cor-de-rosa e para-quedas. Fiquemos portanto na sub-bacia onde eles veem um mundo da cor de um bico-de-papagaio. Errei algo? rs

Jacinta Dantas disse...

E eu que hoje acordei com fome de Sonho...

Pois é, aqui, passeando nas linhas do seu texto, vou sonhando... sonhando em ajeitar o Eu o o Tu num só pronome e fazer dum encontro o Encontro que se torna Nós, fazendo desaparecer a apatia do Ser sem sonho.

Que bom passar por aqui agora.

Um abraço

Nanda Assis disse...

ai amiga Paula, estou sumida daqui, e eu gosto tanto de te ler, mas é q depois q o blog mudou, eu to mais perdida q cego em tiroteio, mas aos poucos vou me adaptando.
Adorei, o importante é sonhar sempre.

bjos...

Branca disse...

Paula,

Muito lindo o trocadilho de elementos gramaticais no texto a culminar num final de afectos plurais.

Beijinhos, muitos.

Branca

myra disse...

"Sonho azul. Sonho de rede. Sonho de varanda. Sonho de neblina. Sonho de abraço. Sonho de encontro. Sonhos. No plural. Cheios de adjetivos. A gramática está aberta me chamando. Enquanto sonho com os braços dele me envolvendo, na pluralidade de braços e afetos e aconchegos. Na singularidade do momento – encontro."
Mas que belo!!!!
minha querida Paula, gosto tanto de tudo que diz...
beijos

Everson Russo disse...

O sonho é falado, é sentido, á colorido, é tudo aquilo que nos rodeia, nos traz paz, nos traz inquietude da alma, nos impulsiona ao futuro,,,lindo texto,,,bom demais ter você de volta navegando...beijos de bom final de semana.

eder ribeiro disse...

Paula, minha querida amiga, não queira saber qtas saudades estava de sua prosa poética. O texto está, do início ao fim, perfeito e sublime. Acrescento aqui a matemática para na somas de um mais um o resultado ser a multiplicação dos sentimento plural: o amor. Um bj enorme.

O Sibarita disse...

kkkkk No gerúndio dos sonhos gramaticais o hífen é só mais um infinitivo no detalhe do particípio nas formas nominais do verbo e se caracterizam por não poderem exprimir em si nem o tempo
nem o modo verbais, podendo aproximar-se das características de um substantivo, adjetivo ou advérbio (daí serem denominadas “nominais”). Desse modo, o valor temporal e modal dessas formas só pode ser apreendido pelo contexto em que elas vêm inseridas. Sendo assim:

Ô Zé Corró? kkkkk
Avida a moça que hoje eu não vou estar fazendo o comentário. (gerundismo) kkkkkkkkk

Eu vou dizer, dizendo que não entendo nada de gramática! Perdo-me a redundância!kkkkkkkkkkkkkkk

Fia, porreta sua postagem desculpe a brincadeira. kkkkkkkkkkkk

O Sibarita

BlueShell disse...

..."O verbo clama por ação. Ação que requer coragem. Vínicius, aquele sujeito, de sobrenome Moraes, diz ao meu ouvido (ou seria ouvidos, já que são dois, e estou estudando plural?) – Que seja eterno enquanto dure. Que seja eterno o quê? O encontro no singular. Tão singular que seria eternamente plural"...
e há os sonhos...e sonhos sonhados...e há lindos textos como este...com ou sem gramática para indicr o Norte!
Te beijo em azul-lágrima (com hífen)

Everson Russo disse...

Um ótimo domingo pra ti minha amiga e uma semana repleta de poesias...beijos e beijos.

mfc disse...

Sonho... sempre no plural nessa singularidade do momento que nos delicia!
Que texto... Paula! Parabéns.
Um regresso em grande...
Beijinhos,

Rui Pires - Olhar d'Ouro disse...

Maravilhoso, genial, encantador!
Parabéns Paula!
bj