Acordo. Vou para a cozinha tomar o café da manhã. Ligo o rádio. Lembro dos meus escritores preferidos. Começo a dançar. Lembro do tempo dos blogs, de como era bom ler, escrever, sonhar, dançar pela casa, pelas nuvens. Danço e penso. Olho as parede da sala e vejo dois quadros enviados por blogueiros. Saudade. Saudade daquele tempo. Das conexões. Começo a lembrar da vida, dos sonhos. Das sobrinhas que viajaram para outros países e agora pensam que seus sonhos maiores, que seus objetivos são voltar para morar nesses países. Penso como teria sido minha vida e meus sonhos se minha mãe tivesse me mandado, aos dez anos, para a excursão escolar que foi para o Amazonas. Será que eu teria me apaixonado pelo Boto-cor-de-rosa? Seria que seria alguma naturalista? Onde estaria? Ah, penso que é um grande desafio viajar para países desenvolvidos, conhecer novas culturas, novas realidades, vias sem buracos, ruas sem lixo, menores índices de assaltos, belezas, porque viajando, vemos muitas belezas e voltar ao dia a dia, e encontrar estímulos para viver a vida que tem que ser vivida, e encontrar belezas no cotidiano, nas aulas chatas, na nossa cidade tão depauperada. Um desafio. O rádio entra em sintonia. Toca a música Gente Humilde. Imediatamente choro. Lembro do meu pai cantando e tocando ao violão está música. Não, ele não era cantor. Talvez mais um sonhador frustrado. Um sonhador que nunca saiu do seu país. Um sonhador que nunca foi cantor, por sinal cantava muito mal. Sequer conheceu a própria mãe. Talvez sonhasse em ter sido criado por ela. Ele, gente humilde. Ainda escuto a voz da minha sobrinha indagando à mãe, não posso sonhar? Pode e deve sonhar. São os sonhos que ajudam a viver. E com muita persistência, com objetivos bem claros, bom planejamento, muitos sonhos se tornam realidade. Porque muitas realidades, um dia foi sonho. A realidade está cheia de sonhadores frustrados que se reinventam todos os dias reinventam sonhos. Acreditem, sonhem. Mas não esqueçam, há gente humilde sem nem ter com quem contar. Mas vocês vão ter sempre com quem contar, e vão ter sempre corações escritos na fachada que são um lar. Sonhem e vivam.