sábado, 10 de setembro de 2011



Já fui Chapeuzinho Vermelho, já fui o caçador. Já fui Branca de Neve, já fui um dos anões, namorei o Príncipe. Viajei pelo fundo do mar, entrei em cápsulas do tempo. Fui Jeannie é um Gênio, a Feiticeira, namorei o Zorro. Pulei nos galhos da floresta com Tarzan. Fui muitos dos personagens, sonhei sonhos de criança. Cresci, adulta os sonhos eram outros e precisavam de planejamento, persistência, superação, e sofrimentos que não estavam escritos no – foram felizes para sempre.

A vida me apresentou vários papéis para desempenhar. No teatro da vida, mãe, esposa, trabalhadora, filha, irmã, amante, namorada, colega, amiga. Em alguns destes papéis errei o texto, troquei as falas, gaguejei, fiquei muda. Em outros, me saí melhor. Cresci mais um pouco, e fui lendo a vida nas entrelinhas dos acontecimentos, fui percebendo que na realidade eu era autora dos meus enredos, diretora das minhas cenas, criadora dos meus personagens. E eu mesma era a fada e era a bruxa, era a menininha e era o lobo mau, era o caçador. Descobri que a criança sonhadora, foi uma jovem sonhadora, e muitos sonhos foram realizados. E a gente vai crescendo e se apoderando da gente e da vida, dos acontecimentos e dos sonhos. E continua sonhando para viver. Gosto de inventar a vida, pinto, bordo, toco, canto, e danço, tudo na imaginação, com exceção da dança, nada profissional, a dança, a minha dança. Continuo representando os meus papéis, continuo errando algumas falas e o posicionamento no palco, mas sou a diretora da cena, a dona do teatro, a que troca os papéis quando necessário.

Dos livros infantis, das mãos pequenas segurando o livro de Branca de Neve, hoje uma adulta, mãos e braços queimados dos serviços domésticos, com algumas rugas e manchas do tempo, alguns sonhos realizados, outros interrompidos, outros brutalmente assassinados. Uma leitora apaixonada pela leitura e pelas possibilidades que ela traz, descobri o mundo encantado dos blogs, neles um encontro possível entre a menina sonhadora, a mulher sonhadora-realizadora, os personagens cheios de amor, mistérios e maldades, e o escritor.



24.07.11

14 comentários:

mfc disse...

Gostei desta visão sobre o crescimento sem perder a alegria do sonho!

Anônimo disse...

"A alma do outro é uma floresta escura".
Rainer Maria Rilke

Diante dela hesitamos, entre fascínio, medo e desejo:a ferramenta para abrir esse território é a palavra e muitas vezes encontra-se o silêncio.

Um beijo

Anônimo disse...

Paula, que inspiração foi essa !!!!!

Vivi cada frase e me afundei na realidade densa de que somos os Diretores de nossas vidas.

Também já fui todos esses personagens, alguns até sem querer ser.

Fantástico texto.

Devia ter a segunda parte. Daria um ótimo livro.

Paulo Francisco disse...

¨Somos personagens de nossa própria história.¨ O seu texto mostra bem isto.
parabéns pelo texto
Beijo

A. disse...

A vida nem sempre nos oferece a razão das explicações credíveis!... Nem sempre a Vida é o refúgio da mentira que procuramos na aceitação dos outros. A Vida é o que vivemos dentro de nossas Vidas, exteriorizando a vontade de viver vidas… sempre mais VIDAS!... Vidas dos que achamos mais cheios de Vida, vidas que inundam nossa imaginação com o combustível mais espontâneo, esse incontrolável desejo de estar em todo o lugar onde não se está, de ter o que não se tem, de ser o que não se é… de acertar um encontro sob a lua que não existe!!!!... Sentimos que podemos ser tudo enquanto sentimos que não somos pouco mais de nada. Reparamos que a morte levou muitos dos amigos, dos familiares amados e temos a certeza que somos os próximos, no entanto, e talvez por isso, tentamos ludibriar a “sombra da foice”, desmontando a Vida que nos sustenta, a VIDA a que temos direito, sempre na esperança que temos outros direito, esses de Viver muitas VIDAS, para além da que nos cabe!... A imaginação pode ser um suporte de VIDA, mas… esquecemos que é a nossa própria VIDA o suporte de todos os alicerces para a imaginação!... E não o contrário!...


Abraço

Anônimo disse...

As engrenagens do destino não seguem a nosa lógica.Com tantas ilusões infantis, que arrastamos maturidade afora, não é fácil entender que não é preciso ser uma mulher deslumbrante para que a vida tenha sentido e atinja um grau de harmonia, que chamo felicidade.
Não há receita nem facilitador, mas a esperança de que,no desenho às vezes absurdo da existência, haja tramas de afeto, rasgos de criatividade, força de ações isso inclui cuidado com a natureza e eliminação da pobreza mais brutal que nos justifiquem enquanto seres humanos.
Dirigir o roteiro da nossa vida, só cabe a nós e mais ninguém...com sonhos, ilusões,acertos e também decepções vamos vivendo, aprendendo e reinventando essa trama.

Eu

eder ribeiro disse...

Paula, vc nasceu para ser palco, por isso, mesmo não assistindo, in loco, a peça da sua vida, eu aplaudo. Bjos.

Cel disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Maria disse...

Oi Paula,

E assim vc vive suas emoções e nos emociona descrevendo elas.Adoro ler vc tão cheia de sentimento e tão verdadeira.

Beijos

MAria

Hélia Barbosa disse...

Que texto lindo, Paulinha!

O mais importante disso tudo é saber que você é, sim, a diretora da peça de sua vida... mesmo com imprevistos e improvisações... mas você pode conduzir com o que a vida lhe trouxer!

Beijos e parabéns!

myra disse...

"...fui percebendo que na realidade eu era autora dos meus enredos, diretora das minhas cenas, criadora dos meus personagens...."
pura verdade...
beijossssssssssssssssssss

Mariangela l. Vieira - "Vida", o meu maior presente. disse...

Oi Paula!
A nossa vida é o grande palco onde
escrevemos, executamos e administramos a nossa história, mas
o mais importante é você ser sempre
a diretora da sua grande obra, seja ela qual for!
Parabéns por tudo que escreve, é sempre ótimo!Beijo!

Dona Sra. Urtigão disse...

Tanta gente nem sonha, nem sabe tudo que poderia ser...PARABÉNS !

Branca disse...

Muito lindo o teu texto Paula!

Sabendo apenas um pouquinho dessa realizadora que foste e és, acho que tens feito um trabalho notável.

Os sonhos esses nunca os perdes, estão bem delineados no brilho do teu olhar e do teu sorriso. E da menina, da Branca de Neve tu conservas um pouco no teu espírito interrogador e sempre docemente expectante. Vejo-te a olhar o mundo deslumbrada, como se o visses sempre pela primeira vez e a gostar sempre de pessoas, apesar das maldades, porque ainda há muito amor no ser humano.

Gosto de ti.
Beijos
Branca