Já fui Chapeuzinho Vermelho, já fui o caçador. Já fui Branca de Neve, já fui um dos anões, namorei o Príncipe. Viajei pelo fundo do mar, entrei em cápsulas do tempo. Fui Jeannie é um Gênio, a Feiticeira, namorei o Zorro. Pulei nos galhos da floresta com Tarzan. Fui muitos dos personagens, sonhei sonhos de criança. Cresci, adulta os sonhos eram outros e precisavam de planejamento, persistência, superação, e sofrimentos que não estavam escritos no – foram felizes para sempre.
A vida me apresentou vários papéis para desempenhar. No teatro da vida, mãe, esposa, trabalhadora, filha, irmã, amante, namorada, colega, amiga. Em alguns destes papéis errei o texto, troquei as falas, gaguejei, fiquei muda. Em outros, me saí melhor. Cresci mais um pouco, e fui lendo a vida nas entrelinhas dos acontecimentos, fui percebendo que na realidade eu era autora dos meus enredos, diretora das minhas cenas, criadora dos meus personagens. E eu mesma era a fada e era a bruxa, era a menininha e era o lobo mau, era o caçador. Descobri que a criança sonhadora, foi uma jovem sonhadora, e muitos sonhos foram realizados. E a gente vai crescendo e se apoderando da gente e da vida, dos acontecimentos e dos sonhos. E continua sonhando para viver. Gosto de inventar a vida, pinto, bordo, toco, canto, e danço, tudo na imaginação, com exceção da dança, nada profissional, a dança, a minha dança. Continuo representando os meus papéis, continuo errando algumas falas e o posicionamento no palco, mas sou a diretora da cena, a dona do teatro, a que troca os papéis quando necessário.
Dos livros infantis, das mãos pequenas segurando o livro de Branca de Neve, hoje uma adulta, mãos e braços queimados dos serviços domésticos, com algumas rugas e manchas do tempo, alguns sonhos realizados, outros interrompidos, outros brutalmente assassinados. Uma leitora apaixonada pela leitura e pelas possibilidades que ela traz, descobri o mundo encantado dos blogs, neles um encontro possível entre a menina sonhadora, a mulher sonhadora-realizadora, os personagens cheios de amor, mistérios e maldades, e o escritor.
24.07.11
14 comentários:
Gostei desta visão sobre o crescimento sem perder a alegria do sonho!
"A alma do outro é uma floresta escura".
Rainer Maria Rilke
Diante dela hesitamos, entre fascínio, medo e desejo:a ferramenta para abrir esse território é a palavra e muitas vezes encontra-se o silêncio.
Um beijo
Paula, que inspiração foi essa !!!!!
Vivi cada frase e me afundei na realidade densa de que somos os Diretores de nossas vidas.
Também já fui todos esses personagens, alguns até sem querer ser.
Fantástico texto.
Devia ter a segunda parte. Daria um ótimo livro.
¨Somos personagens de nossa própria história.¨ O seu texto mostra bem isto.
parabéns pelo texto
Beijo
A vida nem sempre nos oferece a razão das explicações credíveis!... Nem sempre a Vida é o refúgio da mentira que procuramos na aceitação dos outros. A Vida é o que vivemos dentro de nossas Vidas, exteriorizando a vontade de viver vidas… sempre mais VIDAS!... Vidas dos que achamos mais cheios de Vida, vidas que inundam nossa imaginação com o combustível mais espontâneo, esse incontrolável desejo de estar em todo o lugar onde não se está, de ter o que não se tem, de ser o que não se é… de acertar um encontro sob a lua que não existe!!!!... Sentimos que podemos ser tudo enquanto sentimos que não somos pouco mais de nada. Reparamos que a morte levou muitos dos amigos, dos familiares amados e temos a certeza que somos os próximos, no entanto, e talvez por isso, tentamos ludibriar a “sombra da foice”, desmontando a Vida que nos sustenta, a VIDA a que temos direito, sempre na esperança que temos outros direito, esses de Viver muitas VIDAS, para além da que nos cabe!... A imaginação pode ser um suporte de VIDA, mas… esquecemos que é a nossa própria VIDA o suporte de todos os alicerces para a imaginação!... E não o contrário!...
Abraço
As engrenagens do destino não seguem a nosa lógica.Com tantas ilusões infantis, que arrastamos maturidade afora, não é fácil entender que não é preciso ser uma mulher deslumbrante para que a vida tenha sentido e atinja um grau de harmonia, que chamo felicidade.
Não há receita nem facilitador, mas a esperança de que,no desenho às vezes absurdo da existência, haja tramas de afeto, rasgos de criatividade, força de ações isso inclui cuidado com a natureza e eliminação da pobreza mais brutal que nos justifiquem enquanto seres humanos.
Dirigir o roteiro da nossa vida, só cabe a nós e mais ninguém...com sonhos, ilusões,acertos e também decepções vamos vivendo, aprendendo e reinventando essa trama.
Eu
Paula, vc nasceu para ser palco, por isso, mesmo não assistindo, in loco, a peça da sua vida, eu aplaudo. Bjos.
Oi Paula,
E assim vc vive suas emoções e nos emociona descrevendo elas.Adoro ler vc tão cheia de sentimento e tão verdadeira.
Beijos
MAria
Que texto lindo, Paulinha!
O mais importante disso tudo é saber que você é, sim, a diretora da peça de sua vida... mesmo com imprevistos e improvisações... mas você pode conduzir com o que a vida lhe trouxer!
Beijos e parabéns!
"...fui percebendo que na realidade eu era autora dos meus enredos, diretora das minhas cenas, criadora dos meus personagens...."
pura verdade...
beijossssssssssssssssssss
Oi Paula!
A nossa vida é o grande palco onde
escrevemos, executamos e administramos a nossa história, mas
o mais importante é você ser sempre
a diretora da sua grande obra, seja ela qual for!
Parabéns por tudo que escreve, é sempre ótimo!Beijo!
Tanta gente nem sonha, nem sabe tudo que poderia ser...PARABÉNS !
Muito lindo o teu texto Paula!
Sabendo apenas um pouquinho dessa realizadora que foste e és, acho que tens feito um trabalho notável.
Os sonhos esses nunca os perdes, estão bem delineados no brilho do teu olhar e do teu sorriso. E da menina, da Branca de Neve tu conservas um pouco no teu espírito interrogador e sempre docemente expectante. Vejo-te a olhar o mundo deslumbrada, como se o visses sempre pela primeira vez e a gostar sempre de pessoas, apesar das maldades, porque ainda há muito amor no ser humano.
Gosto de ti.
Beijos
Branca
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